O que ESG? Como impacta o mundo e os investimentos?

ESG é um conjunto de critérios ambientais, sociais e de governança avaliados por investidores em empresas. Entenda como funciona.
8 minutos de leitura
8 minutos de leitura
Homem em frente a computador olhando para o lado e sorrindo

A sigla ESG não deve ser estranha a você caso acompanhe com mínima atenção as notícias do mercado.

Cada vez mais, essas três letras estão presentes em artigos, reportagens e relatórios sobre o comportamento empresarial, e a razão para isso é óbvia.

ESG sugere a preocupação da gestão de negócios com aspectos ambientais, sociais e de governança, incluindo valores éticos tão importantes atualmente.

Mas como isso afeta você? E por que a maior adesão às práticas de ESG é um fator positivo?

É sobre isso que vamos falar ao longo deste texto.

Acompanhe até o final, tópico a tópico, e entenda por que esse assunto está relacionado com um futuro melhor que é construído desde agora.

O que é ESG?

A sigla ESG vem do inglês Environmental, Social and Governance, que em tradução para o português significa “Ambiental, Social e Governança”.

Basicamente, são três critérios de análise que os investidores utilizam para definir se vale a pena direcionar ou não recursos a um negócio.

Veja mais detalhes sobre eles:

  • Ambiental: avalia se a empresa minimiza seus impactos ambientais e se preocupa com questões como emissão de CO2, eficiência energética, descarte do lixo, uso da água, preservação do meio ambiente, etc.;
  • Social: considera se a organização respeita os direitos dos colaboradores, cuida da segurança do trabalho, promove o bem-estar no ambiente de trabalho e contribui com a comunidade de entorno;
  • Governança: observa se a companhia adota as melhores práticas de governança corporativa, como ter um conselho diverso, praticar a transparência na prestação de contas, combater a corrupção e priorizar a ética em suas relações.

Cada um desses fatores é usado por investidores, analistas financeiros e fundos de investimento para escolher as empresas que vão receber seu dinheiro, considerando a conduta socioambiental e de responsabilidade corporativa.

Se antes os investidores se preocupavam apenas com a performance financeira das empresas, hoje, o padrão ESG está se tornando referência para escolher onde investir — os chamados “Investimentos Socialmente Responsáveis” (SRI).

Essa mudança vem da necessidade de contribuir para um mundo mais justo e sustentável, e frear o esgotamento de recursos do planeta, além de priorizar empresas que estão mais preparadas para enfrentar os desafios futuros e buscar solidez a longo prazo.

Em outras palavras: o mercado financeiro percebeu que é hora de valorizar as empresas socialmente e ambientalmente responsáveis, que têm mais condições de lidar com as mudanças no consumo e usar os recursos naturais de forma inteligente.

Quem criou o ESG?

O termo ESG apareceu pela primeira vez no ano de 2004. Na época, o então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, fez uma espécie de provocação a líderes das principais instituições financeiras no mundo.

Annan propôs entender como os bancos poderiam integrar ao mercado de capitais os fatores ambientais, sociais e de governança (a base do ESG). Desse desafio surgiu um documento publicado pelo Pacto Global da ONU, Banco Mundial e instituições financeiras parceiras.

Era apenas o primeiro passo de uma estratégia cada vez mais presente em empresas de todo o mundo, inclusive no Brasil. Hoje, atuar conforme os padrões ESG é critério básico para a competitividade empresarial.

Origem e princípios do ESG

Apesar de ter ganhado destaque recentemente e aparecer formalmente apenas em 2004, o conceito ESG é antigo no mercado financeiro.

Vamos entender o porquê disso.

Valores éticos

Por volta dos anos 1950 e 1960, alguns investidores já excluíam empresas que desrespeitavam valores éticos e morais, como as organizações que se relacionavam com o Apartheid (regime de discriminação racial) da África do Sul, conforme conta o “Guia Novo Valor — Sustentabilidade nas Empresas da B3”.

Práticas ambientais, sociais e de governança

Já na década de 1980, o ESG ganhou força com o favorecimento de empresas com boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Sustentabilidade

Em 1999, foi criado o Índice Dow Jones de Sustentabilidade: o primeiro índice global dedicado a mapear empresas que adotam práticas sustentáveis.

Desse momento em diante, várias bolsas ao redor do mundo criaram seus próprios índices inspirados no padrão ESG, inclusive o Brasil, com seu Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3.

Princípios para o investimento responsável

Outro grande marco do ESG foi a criação dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI, na sigla em inglês), iniciativa da ONU e investidores institucionais com a missão de popularizar os investimentos responsáveis no mundo e que já conta com milhares de signatários.

Principais indicadores ESG

Como mencionamos antes, adotar os padrões ESG é condição básica para a competitividade de empresas em todo o mundo.

Daí surgem duas perguntas pertinentes:

  • Que critérios/indicadores são esses?
  • Quais critérios/indicadores uma empresa deve adotar?

Embora a escolha dos indicadores seja uma decisão muito particular de cada companhia, o primeiro passo sempre passa por uma reflexão sobre a gestão de riscos e oportunidades.

Em outras palavras, olhar para os aspectos que de fato geram impactos no modelo de negócio ou em seus resultados. Adotar toda a extensa lista de indicadores tende a ser um movimento desnecessário.

Em primeiro lugar, porque pode ser um esforço inviável mesmo para companhias gigantes. Em segundo, porque nem todos os indicadores se aplicam de fato à realidade da empresa.

Estabelecendo prioridades a partir da lista, é possível compreender o que medir em seus processos para determinar também como fazer isso.

Com isso em mente, vamos ver agora alguns dos indicadores que compõem a extensa relação de padrões ESG em empresas.

Indicadores ambientais

Apuram como uma empresa atua com relação à conservação do meio ambiente.

São exemplos:

  • Intensidade de emissões de gases do efeito estufa;
  • Intensidade energética por tonelada vendida;
  • Percentual de energia utilizada de fontes renováveis;
  • Consumo de água por tonelada vendida;
  • Resíduos gerados por tonelada vendida;
  • Derramamentos significativos.

Indicadores sociais

Envolvem aspectos de direitos humanos, saúde e segurança no trabalho.

São exemplos:

  • Fatalidades e acidentes com afastamentos;
  • Dias perdidos devido a acidentes com afastamento;
  • Diversidade de funcionários por idade e tipo de emprego;
  • Horas de treinamento da força de trabalho em saúde e segurança;
  • Violações ou incidentes relacionados a direitos humanos;
  • Projetos sociais de engajamento da comunidade.

Indicadores de governança

Estão relacionados à política empresarial da organização e medidas de controle e conformidade (compliance).

São exemplos:

  • Diversidade no Conselho de Administração;
  • Horas de treinamento sobre políticas anticorrupção;
  • Direitos de voto do maior acionista;
  • Auditorias do grupo realizadas;
  • Número total de violações de conformidade comprovadas;
  • Multas por não conformidade.

Qual a importância do ESG para o mundo?

Adotar padrões de ESG na empresa é importante por diferentes razões. A primeira delas está no compromisso que as companhias assumem para serem parte da mudança desejada para o planeta.

Ou seja, se o que se busca para o mundo são boas práticas de conservação ambiental e sustentabilidade, respeito aos direitos humanos, segurança no local de trabalho e conformidade com leis e normas de ética e anticorrupção, nada mais justo que envolver todos os agentes nesse desafio.

Ao seguirem por esse caminho, as empresas enviam um recado ao mercado, aos colaboradores e às comunidades de áreas onde atuam.

Obviamente, também fazem isso para preservar sua própria atuação e reputação, já que o atendimento a indicadores de ESG é considerado por investidores na sua tomada de decisão.

Na prática, eles direcionam menos recursos financeiros a empresas que não se preocupam com aspectos ambientais, sociais e de governança. Tais questões fazem parte da sua análise de risco, o que explica a relação entre ESG e competitividade empresarial.

Ser parte da solução ou do problema é uma escolha que acaba sendo imposta a companhias em todo o mundo — e não é difícil supor qual a resposta correta nesse caso.

Por que o ESG está em alta nos investimentos?

Muitas pessoas só estão descobrindo o que é ESG agora, depois do aumento das discussões a respeito do assunto no mundo inteiro.

Mas é fácil entender por que o tema só veio à tona agora, se acompanharmos acontecimentos recentes no mercado financeiro.

Em 2020, por exemplo, o presidente da BlackRock — maior gestora de investimentos do mundo, com US$ 7 trilhões em ativos — anunciou que não vai mais investir em setores que emitem muito CO² na atmosfera, como a indústria de carvão, e pretende redirecionar o dinheiro para segmentos mais sustentáveis.

No mundo todo, os investimentos responsáveis já representam mais de 31 trilhões de dólares e 36% dos ativos totais, segundo dados da Global Sustainable Investment Alliance publicados na Valor Investe, e surgem cada vez mais “fundos de sustentabilidade” ou “fundos de investimento sustentável”.

No Brasil, uma Pesquisa de Sustentabilidade da ANBIMA mostrou que 85,4% dos gestores de investimentos do país sabem o que é ESG e usam os critérios para tomar decisões.

Além disso, as grandes corporações estão puxando a tendência: a Apple anunciou que vai neutralizar toda sua emissão de carbono até 2030, enquanto a Microsoft prometeu acabar com o CO² na sua produção até 2030.

Com a pandemia de COVID-19, investir em empresas que conseguem se adaptar às mudanças e apoiar o desenvolvimento sustentável se tornou ainda mais importante.

Ou seja: quem não começar a pensar nos critérios e princípios ESG pode ficar para trás no mercado financeiro e perder investimentos daqui para frente.

O que empresas e investidores ganham com o ESG?

Saber o que é ESG e valorizar essas práticas responsáveis nos investimentos é vantajoso para empresas, investidores e toda a sociedade.

Para as empresas, é uma oportunidade de se adequar ao “novo normal” e buscar sustentabilidade a longo prazo.

Isso porque os padrões ESG não servem apenas para ajudar o planeta, mas também para tornar a empresa mais eficiente e aumentar a resiliência durante crises.

Além disso, empresas que adotam as melhores práticas ambientais, sociais e de governança conseguem otimizar seus investimentos, reduzir problemas legais, aumentar a receita, diminuir custos e elevar a produtividade, para citar apenas alguns exemplos.

Consequentemente, os investidores que escolhem empresas ESG têm um retorno financeiro maior e ainda contribuem com o desenvolvimento sustentável.

O desempenho superior é explicado pela redução de riscos e geração de valor a longo prazo, já que os valores ESG representam o futuro da economia — possivelmente, da economia circular.

5 dicas para investir em empresas alinhadas ao ESG

Agora que você sabe o que é ESG, que tal focar em investimentos sustentáveis, ou seja, em empresas que atendem aos critérios de sustentabilidade?

Se você ainda não investe, aproveite para conferir nosso artigo sobre 8 cursos gratuitos de investimentos para aprender a investir.

Então vamos às dicas para adotar o ESG na vida financeira.

1. Adote filtros para investir

Os investidores que entendem o que é ESG e querem contribuir para um mundo melhor utilizam vários filtros na hora de escolher empresas para aplicar seu dinheiro.

No topo da lista preferencial, estão empresas que atendem aos seguintes critérios:

  • Utilizam energias renováveis;
  • Investem em pesquisa para melhorar sua sustentabilidade;
  • Compensam a emissão de gases de efeito estufa;
  • São transparentes na divulgação das informações;
  • Inovam em tecnologia para o desenvolvimento sustentável;
  • Respeitam os direitos humanos;
  • Combatem a corrupção;
  • Promovem o bem-estar de clientes, colaboradores, parceiros e comunidade local;
  • Desenvolvem ações de responsabilidade socioambiental.

Então, se você pretende comprar ações na bolsa, por exemplo, é importante partir desses filtros básicos para montar sua carteira.

2. Use o Índice de Sustentabilidade da B3

Como vimos, a própria bolsa de valores brasileira divulga quais são as empresas mais adaptadas ao ESG por meio do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).

As organizações listadas na bolsa são avaliadas pela eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e sustentabilidade para compor o índice.

No site você pode conhecer as empresas elegíveis para a carteira sustentável e usar essas informações para investir melhor.

3. Prefira empresas com certificações

Outra dica para investir em empresas alinhadas ao ESG é buscar por certificações e selos que comprovam as práticas responsáveis.

Alguns exemplos são o Pacto Global (valores de direitos humanos e combate à corrupção), Princípios de Investimentos Responsáveis, Carbon Disclosure Program (redução de emissão de CO2) e ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental).

4. Busque por fundos ESG

Os fundos de investimento ESG reúnem ações de empresas que respeitam os critérios ambientais, sociais e de governança corporativa, permitindo que você compre cotas e invista indiretamente nesses negócios.

Apesar de já serem populares no mundo, os fundos ESG estão começando a aparecer por aqui e ainda não são muito conhecidos.

Atualmente, existem produtos como o Trend ESG Global da XP Investimentos, Total Impacto FIA da SulAmérica Investimentos e JGP ESG Master FIA da JGP Investimentos, para citar alguns exemplos.

Não esqueça: você só deve começar a investir nesse tipo de produto financeiro após ter um bom conhecimento do mercado e percepção avançada dos riscos.

Veja aqui respostas para as principais dúvidas a respeito de investimentos para iniciantes.

5. Invista em títulos verdes

Se você ainda não está pronto para investir em ações devido aos altos riscos da renda variável, também pode buscar investimentos responsáveis na renda fixa.

Uma opção interessante são os títulos verdes, também chamados “green bonds”, que servem para financiar projetos de infraestrutura sustentáveis.

Funciona assim: uma empresa emite um título de dívida para captar recursos para um projeto sustentável, e, ao comprá-lo, você “empresta” dinheiro para financiar a obra e recebe um retorno em juros em troca.

No Brasil, esses títulos podem ser emitidos como debêntures, cotas de fundos, letras financeiras e notas promissórias.

Entendeu o que é ESG e como esse conceito está mudando o mundo dos investimentos? Continue acompanhando os conteúdos do blog Neon para saber tudo sobre finanças.

O propósito da Neon é diminuir desigualdades, mostrando caminhos financeiros mais simples e justos, porque todos merecem um futuro brilhante. A educação financeira é um dos principais pilares para fazer isso acontecer, por isso estamos aqui para te acompanhar em sua jornada com as finanças.

Conheça a Neon e todos os produtos que esperam por você aqui.

O propósito da Neon é diminuir desigualdades, mostrando caminhos financeiros mais simples e justos, porque todos merecem um futuro brilhante. A educação financeira é um dos principais pilares para fazer isso acontecer, por isso estamos aqui para te acompanhar em sua jornada com as finanças.

Este artigo foi útil?

Dê sua nota e comente abaixo

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Seja o primeiro a avaliar este post.

Tags:
Time Neon
Time Neon
Um time de pessoas dedicadas a diminuir desigualdades, mostrando caminhos financeiros mais simples e justos, porque todos merecem um futuro brilhante.
Navegue pelo conteúdo

Você também pode se interessar

NEON LOGO