O que é spread bancário? Como isso afeta suas finanças?

Você sabe o que quer dizer spread bancário? Deveria, pois ele afeta diretamente o seu bolso. Entenda o que significa e veja como funciona.
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O spread bancário é famoso por estar atrelado aos juros altos praticados no Brasil.

Ele representa a diferença entre os juros que o banco ou fintech paga a você por seus investimentos e os juros que essa mesma instituição cobra de você na hora de emprestar dinheiro.

Logo, podemos dizer que o spread define quanto o banco vai lucrar com suas operações e quanto você vai pagar pelo crédito.

Esse percentual, contudo, também serve para cobrir todos os custos da instituição e compensar os riscos do mercado.

Nos tópicos a seguir, vamos entender como funciona o spread e por que você deve ficar de olho nesse número:

Continue lendo e entenda por que se fala tanto em spread bancário no país.

O que é spread bancário e para que serve?

Spread bancário é a diferença percentual entre a taxa de juros cobrada pelos bancos nos empréstimos e a taxa de juros paga nos investimentos.

Em outras palavras, é a diferença entre os juros que o banco paga para captar recursos e os juros cobrados para emprestar dinheiro.

Por exemplo, se você investe em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) que rende 6% ao ano e o mesmo banco cobra 30% ao ano de juros no seu empréstimo pessoal, o spread bancário dessa transação é de 24%.

Ou seja, podemos dizer que essa diferença é a remuneração da instituição financeira, sendo a forma como ela cobre custos e lucra prestando serviços bancários.

De modo geral, o spread varia de acordo com o tipo de operação, riscos envolvidos e custos administrativos. Quanto mais alto o percentual, mais caro o crédito para o tomador e potencialmente maior a lucratividade das operações para o banco.

Por isso, o spread bancário é conhecido popularmente como um “vilão” quando o assunto é acesso a crédito e taxas de juros.

Como funciona o spread bancário e por que afeta você

Apesar de ser determinante para a lucratividade do banco, o spread bancário não é formado apenas pelos lucros obtidos pela instituição. Ele também é composto pelo índice de inadimplência, impostos, custos administrativos e encargos, como veremos mais à frente.

Dependendo do momento econômico do país e das condições do banco, o spread pode aumentar ou diminuir. É importante ficar de olho nesse número, pois ele afeta diretamente o seu bolso e, como vimos, quanto maior o spread, mais caro fica o crédito no país.

Então, a tendência é que você pague juros mais altos para conseguir empréstimos e financiamentos em um cenário no qual esse percentual está em alta.

Evolução do spread bancário no Brasil

A evolução do spread bancário está associada ao cenário macroeconômico, tendendo a aumentar quando o cenário é desfavorável e a inadimplência é elevada. Além disso, o spread médio da carteira de crédito varia de acordo com a participação das linhas de crédito que compõem a carteira total.

O aumento relativo da concessão de operações com spreads tipicamente mais baixos (crédito consignado, por exemplo) contribui para a redução do spread médio no país. Já uma linha de crédito mais cara, como a do cheque especial ou empréstimo pessoal, tende a puxar o spread bancário para cima.

Historicamente, o Brasil teve uma redução expressiva do percentual entre 1994 e 2000, devido ao Plano Real que estabilizou a moeda e acabou com o problema da hiperinflação.

Mesmo assim, o país tem o segundo maior spread bancário do mundo, ficando atrás apenas de Madagascar. A explicação dos bancos para esse valor altíssimo está na dificuldade em recuperar crédito no Brasil.

Segundo dados do Banco Mundial, por aqui apenas US$ 0,13 são recuperados de cada US$ 1 emprestado em execuções de dívidas, enquanto a média mundial é de US$ 0,34 por US$ 1.

Essa alta inadimplência somada a fatores de instabilidade econômica fazem com que o risco de crédito seja muito alto no país, elevando também o percentual cobrado pelos bancos.

Mesmo assim, com a redução da Taxa Selic e os efeitos da crise do coronavírus, o spread brasileiro entrou em trajetória de queda desde 2020.

Em 2020, o spread médio do país ficou em 14,99 pontos percentuais e, em 2021, chegou ao menor patamar desde 2013: 14,5 p.p.

Como se dá a composição do spread bancário

O spread bancário é composto por cinco principais componentes:

  • Custo de captação: são as despesas médias que o banco tem com o pagamento de juros em suas captações de recursos. Ou seja, os juros pagos por investimentos como poupança e títulos de crédito;
  • Inadimplência: são as perdas decorrentes de dívidas não pagas e créditos não recuperados pelo banco, além de descontos concedidos em negociações;
  • Despesas administrativas: são os custos gerais para manutenção e administração da instituição financeira, incluindo folha de salários, verba de marketing, logística, RH, etc.;
  • Tributos e FGC: são os impostos pagos pelo banco, como PIS/Cofins, CSLL e IRPJ, além do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pago pelos clientes. Também entra nesse componente a contribuição ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e os depósitos compulsórios exigidos pelo Banco Central;
  • Margem de lucro: também chamada “margem financeira”, é o capital que remunera os sócios e acionistas do banco.

De acordo com o Relatório de Economia Bancária do BCB, esta foi a composição média do spread bancário de 2018 a 2020:

  • Custo de captação: 33%;
  • Inadimplência: 21,3%;
  • Despesas administrativas: 19,8%;
  • Tributos e FGC: 13,1%;
  • Margem financeira (lucro): 12,7%.

Juros e spread bancário

Como vimos, o spread bancário tem relação direta com a taxa de juros cobrada pelo banco em suas operações de crédito.

Se o banco precisa pagar certa porcentagem de juros para as aplicações dos clientes, ele também tem que cobrar uma porcentagem nos empréstimos que seja suficiente para cobrir esse valor e ainda garantir o custeio de todos os elementos que vimos no tópico anterior.

Logo, o valor dos juros cobrados em empréstimos e financiamentos sempre será bem mais alto do que aquele pago nos produtos financeiros de renda fixa, como poupança e CDBs.

Além disso, indicadores econômicos como a Taxa Selic influenciam diretamente o spread e os juros cobrados pelos bancos.

Qual a relação do spread bancário com a Taxa Selic?

O spread bancário também é influenciado pela Taxa Selic, que é a taxa de juros básica da economia. A função dessa taxa é ser uma espécie de reguladora da inflação e dos juros no país.

A cada 45 dias, o Copom, órgão do Banco Central formado pelo presidente e por diretores, fixa uma meta para a taxa Selic. Ao cobrarem suas taxas de juros, as instituições financeiras (como os bancos, por exemplo) precisam usar a Selic como referência.

Logo, ela afeta as demais taxas de juros do país porque gera uma “reação em cadeia”: quando a Selic sobe, a rentabilidade dos títulos atrelados a ela também sobe e, por consequência, os custos dos bancos aumentam.

Isso significa que, quando a Selic está em alta, os bancos começam a gastar mais com o pagamento de juros em aplicações financeiras. Consequentemente, eles precisam aumentar os juros cobrados no crédito para compensar esse aumento e acabam ampliando o spread bancário.

Como calcular o spread bancário

Existem duas formas de calcular o spread bancário em uma transação: uma simples e outra mais complexa. A maneira simplificada é chamada “spread aditivo” e consiste em calcular a diferença entre a taxa de captação e a taxa de crédito.

Por exemplo, vamos supor que você invista em um CDB que paga 100% do CDI e, ao final de um ano, tenha recebido uma rentabilidade total de 9% do banco. No mesmo período, você pegou um empréstimo pessoal com uma taxa de 30% ao ano.

Logo, basta calcular a diferença entre os percentuais para encontrar o spread aditivo:

Spread bancário = 30% – 9% = 21%

Nesse caso, o spread seria de 21%, o que significa que esse percentual é a remuneração do banco para cobrir seus custos e garantir seus lucros.

Agora, para calcular o spread com maior precisão, é preciso utilizar uma fórmula bem mais complexa:

Mas, para fazer o cálculo no cotidiano, a fórmula mais simples é suficiente para entender quanto um banco está lucrando com as operações.

Entendeu o que é spread bancário e como ele afeta sua vida financeira? Conta para a gente nos comentários se você já conhecia esse conceito e o que achou do assunto.

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